quarta-feira, novembro 08, 2006

MUDANÇA HISTÓRICA

Apuradas as urnas nos EUA e inicia-se o fim da era Bush. Cansados da guerra perdida no Iraque, como ocorreu trinta anos antes no Vietnã, os americanos presentearam seu presidente, dois anos depois de sua vitória conta John Kerry, com um congresso dominado pela oposição democrata.

Num país como a botocudolândia isto não significa muita coisa, pois qualquer trinta mangos mensais compram quase qualquer deputado da oposição. Mas nos EUA oposição é oposição, tem plano de governo sólido, tem ideias partidários concretos e bem conhecidos. Os Democratas vão engessar o governo e pavimentar a estrada aberta para a reconquista da presidência.

Não é uma questão de escolher entre o certo e o errado, pois as bases da filosofia republicana me são simpáticas, a diminuição do papel do estado, a redução de impostos também. Mas o republicanismo caipira de Bush, intimamente ligado à indústria da energia (petrolífera diga-se de passagem), a extrema leniência com as grandes coporações e uma política externa isolacionista, foram além da conta.

O americano médio é um povo independente, gosta da filosofia do cavaleiro solitário, sua colonização foi assim, entende-se quando adotam uma postura semelhante. A diferença é que o mundo não é composto de índios a serem derrotados, nem os interesses de uma nação podem ser enfiados goela abaixo de outras. Esta postura elevou o sentimento antiamericano no mundo, colocou o país numa relação de amor e ódio com outros povos, que adoram os produtos made in USA, mas queimam a famosa bandeira de listras e estrelas em qualquer demostração pública de insatisfação.

Não digo que os democratas serão muito melhores, mas o novo congresso americano é menos a favor da guerra no Iraque, acredita na redução das emissões de CO2, tem uma preocupação maior com o ambiente e com algum assistencialismo social (moderado pelo padrão global, paternalista para o país) e isso é bom.

É mais protecionista, mais consciente com a necessidade de redução de seu imenso déficit público e o mundo sofrerá com isto, mas seria muito pior com a continuidade do atual estado das coisas. Enfim os piores anos da história moderna dos EUA parecem estar acabando.

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